Não mais
Uma
semana. Já faz uma semana que Loro, o bom papagaio voou para o azulado céu dos
papagaios. Sete dias difíceis. As lembranças do desespero que sentimos ao vê-lo
perdendo as forças e a imagem dele, enroladinho em seu cobertozinho, já sem
vida com o biquinho e os olhinhos cerrados vinham a todo momento.
Mas,
apesar da dor, já estamos na fase de não mais chorar ao falarmos dele com a voz
embargada, e sim, com um sorriso. Temos vários motivos para isso. Porém, não há
como negar, o dia a dia está inegavelmente sem graça agora.
As duas
fatias de pão, uma quente, outra molhada no café. O iogurte com granola, o
queijo branco. A banana com aveia no lanche da tarde. A salada de alface, o
arroz com feijão. A laranja, a maçã e o girassol, afinal de contas, ele era uma
ave.
O jogo de
futebol sem o estridente grito de gol. Kuduro e Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha,
já não tem mais graça. O pedido nada sutil para apagar a luz, por volta das
nove da noite. Telefone e campainha tocando sem o impaciente “quem é?”.
Não ouvir
o barulho de suas patinhas no chão. Não brigar por rasgar o jornal de sua
gaiolinha ou por subir no sofá. Não ter mais que esconder os chinelos. Não
vê-lo mais brincar os rolos de lã de nossa mãe. Não colocá-lo mais em sua
almofada e sair com ele pela casa (adorava andar em seu carrinho!).
Não ouvir
mais sua reclamação quando o almoço e o jantar demorassem a sair. Se passasse
do meio-dia e das cinco e quinze, ele já gritava “Ô, ô”, algo como “ cadê a
comida?tô com fome!” .
Não ouvir
mais a curta cantoria que ele inventou para nossa mãe. Não ouvir mais sua
alegria toda vez que chegávamos em casa. Quando isso acontecia, ele espirrava,
sacudia as penas, dava risada e dizia oi. Logo depois, rasgava jornal, porque queria
andar pela casa.
Apesar da
tristeza por Loro ter partido, o que fica são as inúmeras boas lembranças de
suas travessuras e, principalmente, de sua alegria e amor que ele sentia pela nossa
mãe. E como ela mesma diz: “temos que lembrar dele com alegria, pois ele era um
bichinho muito feliz!”. E assim será...
Nenhum comentário:
Postar um comentário