Tardes clandestinas
Quando
conheci você, logo me apaixonei. Puro clichê, pura verdade. Esse amor se tornou
resposta e razão para tudo. Pura estupidez. Não sosseguei até ter você. E
consegui. Será que consegui mesmo?
Lembro-me
daquelas tardes ensolaradas e clandestinas. Meus devaneios românticos tomando
forma. Seu desejo e praticidade regiam nossos encontros, palavras de ordem.
Mesmo assim, a cada chamado seu virava as costas para as minhas convicções e
partia ao teu encontro.
Essas
tardes ensolaradas e clandestinas, aos poucos diminuíram. Seu adeus foi
covarde. Das minhas perguntas, você fez pouco caso. Meus desejos, solenemente
ignorados. Vi você e sua nova menina juntos e entendi tudo.
Essas
tardes ensolaradas e clandestinas tiveram sim o seu encanto, um encanto torto,
é verdade, pois era baseado numa ilusão, numa emoção cultivada como forma de
aliviar um vazio. Contudo, após a euforia inicial, vêm os efeitos colaterais. O
amor, assim como qualquer outra droga é assim.
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